INTRODUÇÃO
Um das definições mais amplamente
aceitas para a radiofarmácia é:
"Radiofarmácia é cientificamente
reconhecida como a sub-especialidade essencial para a medicina nuclear. Sem os
radiofármacos, procedimentos radiodiagnósticos ou radioterapêuticos não
poderiam ser realizados" [Frase extraída de MATHER, S.J. Innovation in
radiophatmacy:progress and constraints? Eur. Jour. Nucl. Med. Vol 28, no. 4,
2001. ]
Em relação à radiofármacos a
definição mais aceita dentre as diversas existentes e que está em consonância
com a legislação sanitária nacional é que os RADIOFÁRMACOS são MEDICAMENTOS com
finalidade diagnóstica ou terapêutica que quando prontos para o uso, contêm um
ou mais radionuclídeos.
Os radiofármacos servem a
diversos propósitos, contudo dois são principais. O primeiro, e mais pragmático
deles, é o uso como composto marcado administrado a uma paciente para observar
alterações fisiológicas e/ou distribuição anormal do composto administrado e
assim observar alguma anormalidade fisiopatológica, como no caso de exames
realizados para perfusão miocárdica. O segundo é o seu uso como medicamento
para tratamento de doenças dentre elas tumores, como as sementes de Iodo-131
para tratamento de tumor de tiróide.
HISTÓRICO
Historicamente, os radiofármacos
começaram a ser utilizados em 1905, após a descoberta em 8 de novembro de 1895
do Raio-X por Wilhelm Conrad Roentgen em seu laboratório, com apresentação
pública de sua descoberta em 6 de janeiro de 1896. Neste cenário, diversos
personagens importantes foram destaque, dentre eles Marie Sklodowska (mais
tarde a ser conhecida como Marie Curie), Henri Becquerel e Pierre Curie.
O primeiro uso de radiofármacos
em humanos ocorreu em 1927. Nesse ano, Blumgart e Yens mesuraram a circulação
de um paciente após a injeção de solução salina que havia sido exposta ao
radônio. Após a experiência de Blumgart e Yens, um experimento de Hertz,
Roberts e Evans em 1938 deu início a utilização na clínica médica de
radioisótopos. Nesse experimento, foi usado Iodo-121 para estudos da função da
tiróide.
PRODUÇÃO
Os radionuclídeos usados em
Medicina Nuclear para diagnóstico e terapia são produzidos artificialmente em
reatores ou aceleradores de partículas. Podem, ainda, ser acessíveis através de
geradores de radioisótopos, que permitem a utilização de radionuclídeos de T1/2
curto, a partir do decaimento de um radionuclídeo com T1/2 longo. Estes radionuclídeos
de T1/2 longo são produzidos em reator ou cíclotron. Os radionuclídeos que
decaem por emissão de partículas β- são geralmente produzidos em reator por
fissão do 235U ou por reações de captura de nêutrons (n,γ ou n,p) numa amostra
alvo apropriada. Os radionuclídeos que decaem por captura eletrônica ou emissão
de partículas β+ são produzidos em cíclotrons. Nestas reações, partículas de
elevada energia interagem com núcleos estáveis de alvos apropriados, originando
produtos deficientes em prótons. Neste processo, as partículas que interagem
com as amostras alvo podem ser prótons, dêuterons, partículas α ou 3He.
TOMOGRAFIA PET
A tomografia por emissão de
pósitrons utiliza-se basicamente do fato de que a matéria aniquila-se com a
antimatéria. No caso, o corpo do paciente é constituído por matéria, ou seja,
por elétrons, que se aniquilam com a antimatéria emitida por um radionuclídeo
emissor de pósitrons, sendo a antimatéria o pósitron.
Para que a emissão do pósitron
seja detectada e transformada em imagem, os dois fótons (raios gama)
resultantes da aniquilação do pósitron com o elétron (reação
antimatéria-matéria), devem ser detectados simultaneamente. Os dados são
transformados em coordenadas geométricas para cada evento de aniquilação e são
armazenados na memória do computador. São necessários diversos pares de
detectores adjacentes envolvendo todo o corpo do paciente. Isto permite a
aquisição simultânea de dados, que são usados para reconstruir imagens em
planos diversos.
Desta forma para a obtenção de
uma imagem usando uma radiofármaco emissor de pósitron ou simplesmente
radiofármaco PET, existem três etapas distintas: i) a aquisição dos dados, ii)
processamento e reconstrução dos dados e, por fim, iii) a obtenção da imagem.
Portanto, o imageamento por
emissão de pósitrons portanto, se inicia com a aplicação de um radiofármaco
emissor de pósitron. Em alguns minutos, o isótopo se acumula em uma área do
corpo em que o radiofármacos tem afinidade. O isótopo radiativo então decai por
emissão de pósitron. O pósitron emitido colide com um elétron livre normalmente
antes de atravessar 1 mm do ponto de emissão. A interação das duas partículas
resulta na conversão de matéria em energia na forma de 2 raios gamas, com
energia total de 511 keV. Estes raios gamas de alta energia emergem do ponto de
colisão em direções opostas e são detectados por detectores em volta do
paciente. Quando os dois fótons são detectados simultaneamente por um par de
detectores, a colisão que deu origem a eles teve origem na linha que une os
dois detectores. Naturalmente se um dos fótons foi espalhado, a linha de
coincidências será incorreta. Depois de aproximadamente 500 000 eventos de
aniquilação, a distribuição do traçador é calculada por algoritmos de reconstrução
tomográfica, reconstruindo uma imagem bi-dimensional. A resolução espacial é
deteriorada pela ocorrência de coincidências acidentais.
Esquema de funcionamento de uma
tomografia por emissão de pósitron
Representação de um Tomógrafo PET
FDG-18
Representação da molécula de
FDG-18
SÍNTESE
O 18_ F-FDG
(fluorine-18-2-fluoro-2-deoxy-D-glucose ou Fluor-2-desoxi-D-glicose) dentre os
radiofármacos utilizados na tecnologia PET é o que tem o uso mais ubiquitário,
e por isso assumiu o título de “ gold standard” ou padrão ouro, devido a sua
segurança e eficácia. O 18-F-FDG foi primeiramente sintetizado pelo Laboratório
Brookhaven através de uma reação de adição eletrofílica do [18F]-F2, preparado,
usando-se a reação 20Ne (d,α) 18F, em um alvo gasoso com uma pequena quantidade
de F2 e traiacetil-glucal. Mais tarde, passou-se a se usar a substituição
nucleofílica de amino-poliéter de potássio complexo (Kryptofix 2.2.2®) a qual é
utilizada até hoje nos módulos de síntese automáticos.
APLICAÇÕES
RADIOFÁRMACOS PET
CÉREBRO
Os primeiros radiofármacos PET
utilizados para exame cerebral, foram direcionados para a medição do fluxo
sangüíneo e o metabolismo cerebral. 11-C-glicose, 18-F-FDG foram os
radiofármacos utilizados para o metabolismo, enquanto a 15-O-água, foi utilizada
para a mediação do fluxo sangüíneo.
CORAÇÃO
Dentre todos os órgãos estudados
o coração foi o primeiro deles. Para tanto foi utilizado o 11-C-ácido
palmítico. O primeiro experimento consistiu em analisar o coração de um cão com
detectores de iodeto de sódio para demonstrar a viabilidade do método PET.
O radiofármaco de escolha para
uso em diagnóstico cardíaco tem sido o 18-F-FDG devido a sua afinidade,
segurança, eficácia e precisão.
CÂNCER
Assim como a hipótese de Warburg
para a glicólise aeróbica dominou os estudos da bioquímica do câncer durante
vários anos, o uso do 18-F-FDG tem dominado os estudos do metabolismo do câncer
nos últimos anos.
A PET-18-F-FDG é uma ferramenta
valiosa que fornece informações complementares a respeito da anatomo-bioquímica
oncológica. Devido as características do 18-F-FDG e das propriedades das
células tumorais, esse é o radiofármaco mais utilizado para fins de estudo e
/ou diagnóstico na oncologia.
0 comentários:
Postar um comentário